MÊS DA MULHER – Relacionamento abusivo: como reconhecer e sair dele

O mês de março tem uma atmosfera especial porque é um mês para dedicarmos atenção à mulher. É um mês para celebrar as conquistas femininas ao longo da história, destacar a importância da mulher na sociedade, reconhecer os desafios a serem enfrentados, celebrar o feminino.

Por isso, o Sindsemp-MA publicará, ao longo do mês de março, artigos pensados para ajudar você, mulher, a viver uma vida melhor.

No artigo de hoje, falaremos sobre relacionamentos abusivos. Você sabe reconhecer os sinais? Saberia identificar se alguém próximo (ou você mesma) está em um? Estar em um relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar. 

Reconheça o abuso

Muitas vezes, mulheres em relacionamentos emocionalmente abusivos não compreendem que estão sendo abusadas porque não há, necessariamente, violência envolvida.

Muitas pessoas vão descartar ou minimizar o abuso emocional porque não acham que seja tão ruim quanto o abuso físico, mas isto é um erro. O abuso emocional tem grandes conseqüências e muitas vezes é difícil de reconhecer.

Esta forma de abuso deteriora a auto-estima, a independência e a dignidade de uma pessoa. Não só é grave porque afeta o bem-estar da mulher e pode se tornar fatal, mas também porque, nessas configurações de relacionamentos, o parceiro abusivo costuma convencer a mulher de que os comportamentos abusivos são normais de um relacionamento.

Um começo perfeito

No início, muitas relações abusivas são, na verdade, incrivelmente românticas e aparentemente perfeitas.

No início, seu novo parceiro se esforçará para demonstrar paixão, atenção, devoção e carinho por você. Um parceiro abusivo, para te conquistar, será incrivelmente amoroso no início. Mas os gestos românticos e os presentes são geralmente estratagemas para cativar e distrair a parceira do que está por vir.

Sem espaço para a privacidade e individualidade

Os primeiros sinais de uma relação abusiva podem ser notados quando, aos poucos, o parceiro impede você do direito à privacidade e individualidade.
No início, pode parecer doce a maneira como eles ficam enciumados com a mera ideia de você com outra pessoa. Pode parecer protetor ou soar como um gesto de amor.

É então que a proteção e os ciúmes sutis se transformam em possessividade. Eles começam a ficar paranóicos, e começam a exigir que você esteja sempre acessível e disponível. Se não atende a ligação, inicia-se uma briga. Estão sempre questionando seu paradeiro, com quem você estava, e o que você fez.

Afastamento de outras pessoas

O ciúme excessivo do parceiro começa a causar mais e mais brigas. Justificando suas ações com “eu te amo” e “é para o seu bem”, eles começam a exigir que você pare de falar com um colega de trabalho, um amigo, um membro da família.

Eles racionalizam seu comportamento alegando que se preocupam com você e que estão preocupados com sua segurança. A intensidade do relacionamento começa a parecer mais sufocante, com seu parceiro ficando cada vez mais apegado.

No processo, você começa a perder lentamente o contato com amigos e familiares, e o relacionamento torna-se esmagador e cansativo.

Controle

O parceiro abusivo começa a controlar a parceira de formas variadas. Pode pedir acesso constante ao celular dela e se ofender caso ela não queira compartilhar a senha de acesso.

Pode exigir que ela troque de roupa caso ele julgue a roupa que ela veste sensual ou provocante. Pode proibir que a parceira saia sem ele ou que poste fotos em que ele não esteja com ela, nas redes sociais. Em casos mais extremos, o parceiro pode querer controlar quais trabalhos a pessoa pode ou não fazer, e a forma como a parceira deve ou não gastar o próprio dinheiro.

Invasão de privacidade

Por mais apaixonado que alguém esteja, os indivíduos que compõem um casal continuam sendo isto: indivíduos, com direito à privacidade e à individualidade.

O parceiro abusivo, no entanto, mexe no celular da parceira escondido, lê mensagens, vasculha itens pessoais em busca de sinais que corroborem suas paranóias de estar sendo traído.

Chantagem

Se a parceira não aceita as exigências/reclamações do parceiro, ele se isola emocionalmente. Pode oferecer tratamento de silêncio (respondendo com poucas palavras ou ignorando completamente a parceira por horas ou dias). O parceiro pode se tornar hostil e irritado.

Ele usa o afeto como tática para controlar a parceira e explorá-la, condicionando-a a entender que, se não se submeter a eles, sofrerá com tratamentos distantes, frios, zangados e secos. A parceira passa então a sentir que precisa fazer de tudo para não perturbá-lo ou ofendê-lo.

Inversão de culpa

Nas brigas, o parceiro passa a inverter a culpa para que a parceira se sinta mal. Se ele gritou, tenta convencê-la de que foi culpa dela, e que ela provocou esse comportamento. Se ele quebra um objeto para dispersar a raiva, também tenta fazê-la acreditar que ela é a culpada.

Destruição da autoestima

Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começa com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas.

Comentários sobre o corpo da parceira, sobre sua personalidade, seu jeito de vestir, sua competência. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa relação terminar.

Abuso financeiro

É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.

Exigir relação sexual

É comum haver estupros dentro de relacionamentos, porque a parceira, com frequência, não entende que está sendo estuprada. No entanto, se o sexo é forçado, é estupro.

O parceiro pode tratar a esposa mal por não querer ter relações sexuais em um momento específico. Quando não respeita a vontade da parceira e força a relação mesmo que ela não esteja com vontade, ou quando faz ameaças e chantagens para obrigar a parceira a ter relações, trata-se de estupro.

Violência física

O caminho até a violência física pode ser gradual. O parceiro pode começar com um empurrão, um aperto mais forte no braço. Aos poucos, avança, podendo, em casos extremos, chegar ao assassinato.

Como sair de um relacionamento abusivo

Você pode não ter forças ou se sentir impossibilitada de sair de um relacionamento abusivo, mas você consegue. O primeiro passo é não se isolar e procurar uma rede de apoio. Confira nossas dicas:

• Saia do isolamento social, busque rede de apoio, conte para uma amiga;
• Não tenha vergonha de pedir ajuda, seja para amigos ou familiares. Peça ajuda se precisar de lugar para ficar, auxílio financeiro ou, em casos mais sérios, auxílio policial;
• Se informe. Leia sobre relacionamentos abusivos, veja vídeos, se fortaleça com informação;
• Crie condições para sua independência financeira;
• Se puder, faça terapia;
• Corte contato. Ao terminar o relacionamento, não caia no erro de continuar amiga do parceiro abusivo, mesmo que ele procure insistentemente por contato;
• Não romantize o passado. Ao terminar, você estará vulnerável e, em momentos de fragilidade emocional, seu cérebro pode selecionar apenas as lembranças felizes da relação, para que você volte. Tenha sempre em mente os traumas que viveu e não quer viver novamente;
• Volte a ser o centro da sua vida. Cuide de você, da sua saúde física e mental, seus sonhos e metas;
• Converse com outras mulheres. Procure grupos na internet com outras vítimas de relacionamentos abusivos. Converse com elas e fortaleça seu emocional com a força de outras pessoas;
• Se perdoe. Você não tem culpa de nada que viveu ou esteja vivendo. Mesmo que você pense que o seu parceiro abusivo é a única pessoa que iria querer estar com você, saiba que esse é um estratagema para manter você refém do abuso. Você pode ser amada por muitas outras pessoas e viver uma vida genuinamente feliz.

Sindsemp-MA com você

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